Como um projeto em andamento, os resultados serão atualizados ao longo da jornada. Para identificar os temas prioritários e verificar a abrangência dos desafios, confira abaixo o resultado de um questionário preliminar realizado.
A equipe do Mosaico preparou um questionário eletrônico preliminar, com 19 perguntas de relevância para os três desafios principais. Em seguida, enviou o questionário a sete promotores de justiça da tutela coletiva, com 85,7% deles possuindo mais de 10 anos de atuação no MPRJ. Todas as áreas da Tutela Coletiva estão representadas a considerar os órgãos de execução em que os respondentes estão atualmente.
85,7% concordam que: a ação penal é um instrumento mais eficiente do que a ação de improbidade administrativa para a repressão e dissuasão de ilícitos contra a Administração Pública.
Dúvida sobre os efeitos da condenação criminal quanto aos direitos políticos (para alguns, apenas a ação de improbidade suspenderia). O que mais chama a atenção é o efeito dissuasivo e a noção de resultado de impacto da pena privativa de liberdade, os instrumentos de investigação mais eficientes, e a tramitação mais célere.
71,4% deles concordaram absolutamente que se as PJTC tivessem atribuição criminal concorrente e não precisassem instaurar IC ou ajuizar ACP (quando a atuação criminal fosse suficiente), gerando resultados mais efetivos, a um custo menor.
42,9% concordaram que o ajuizamento de ação penal pelo mesmo fato torna desnecessária a ação de improbidade.
Nos casos de crimes com penas baixas, a legislação criminal não garante as mesmas sanções de que a lei de improbidade administrativa. Um outro risco são vieses do processo penal (e.g., garantismo) – podendo levar a impunidades. Surgiu uma preocupação sobre a aplicação ampla e irrestrita do art. 11 da LIA. Há certa dúvida sobre quando se e quando as sanções são distintas e complementares.
83,3% dos respondentes afirmaram que a separação das atribuições para a ação penal e ação de improbidade gera retrabalho.
Apenas uma promotoria tendo atribuição para o caso evita retrabalho e posições contraditórias – em especial com o surgimento do ANPC e ANPP. O diálogo entre as promotorias que trabalham com a investigação sobre o mesmo caso é excessivamente burocratizado.
Imaginando um cenário em que a Tutela Coletiva teria atribuição concorrente, apareceu como desafio em mais uma resposta a necessidade de dominar e ter apoio técnico em áreas supostamente distintas de conhecimento (área cível e criminal). As outras menções a desafios foram um possível aumento da carga de trabalho; e a necessidade de criar regras claras de atribuição concorrente.
Dentre os desafios classificados como tendo maior intensidade para a efetividade das PJTC, estão os seguintes, que podem ter relação com a questão das atribuições (ou, de alguma forma, interferir com os efeitos de uma intervenção que vise a otimizar a organização e estratégia de uso das atribuições).
Falta de suporte na coleta e análise de dados relativos às investigações – o fator é relevante, principalmente considerando a necessidade de familiaridade com uma nova área de atuação e com novos instrumentos legais de investigação.
_Falta de suporte na coleta e análise de dados relativos às investigações – o fator é relevante, principalmente considerando a necessidade de familiaridade com uma nova área de atuação e com novos instrumentos legais de investigação.
_Ausência/difícil acesso a ferramentas tecnológicas de investigação – o acesso dificultado a ferramentas de investigações (efeito balcão de órgãos como GATE e CSI), associado com incentivos que podem estar desalinhados (prazo de conclusão de investigações), pode levar a que as investigações sejam conduzidas de forma manual, para que não demorem muito. A qualidade tende a cair e, com ela, os resultados.
_Ausência/difícil acesso a ferramentas tecnológicas de investigação – o acesso dificultado a ferramentas de investigações (efeito balcão de órgãos como GATE e CSI), associado com incentivos que podem estar desalinhados (prazo de conclusão de investigações), pode levar a que as investigações sejam conduzidas de forma manual, para que não demorem muito. A qualidade tende a cair e, com ela, os resultados.
Levantamento de dados sobre a situação atual, entrevistas e formar rede de interessados para implementação.
Construir um novo formato de desenho organizacional, com novas possibilidades de atribuição das PJTC e implementar o modelo de forma experimental
As premissas a seguir, necessárias a todo projeto de inovação em instituições públicas, guiarão o processo.
1. Transparência
2. Boa informação - local e sobre grupos vulneráveis
3. Abertura prévia a críticas e comentários
4. Trabalho em equipe
5. Priorização
Ter um MP mais resolutivo, que alcance resultados expressivos, de qualidade, prioritários e alinhados com sua missão institucional significa identificar problemas que impedem sua atuação ideal e pensar, em conjunto, soluções. Observando as atribuições e a estrutura organizacional das Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva, através de dados e entrevistas, o projeto imagina oferecer um método alternativo e estruturado para enfrentar desafios organizacionais.
O primeiro passo será compreender a situação atual. Atribuição significa a delimitação dos poderes de investigação e de medidas judiciais que uma promotoria pode conduzir ou adotar. Tradicionalmente, é organizada em dois grandes grupos: cível e criminal. Em relação as PJTC, suas atribuições estão até hoje organizadas, de maneira resumida, da seguinte forma:
Levantamento de dados sobre a situação atual, entrevistas e formar rede de interessados para implementação.
Construir um novo formato de desenho organizacional, com novas possibilidades de atribuição das PJTC e implementar o modelo de forma experimental
Além das premissas do método, o Projeto também considera, desde o início, fatores diretamente relacionados aos problemas em questão. Nesse sentido, os pontos a seguir, em maior ou menor medida, farão parte do levantamento como possíveis desafios indiretos – capazes de trazer risco para o sucesso de qualquer intervenção que aborde os temas centrais do projeto.
1. Atuação estratégica
O MP não é a única instituição com missão de controle. O Executivo, por exemplo, tem o poder de polícia. Para atuar de forma mais estratégica, o MP não deve substituir o papel do Executivo (acumulando inquéritos e ações), mas sim ser seu fiscalizador.
2. Priorização interna
Dado que o recurso de hora-trabalho é limitado, mesmo para uma forma estratégica de atuação, é essencial ter uma política de priorização. Priorizar significa ter a liberdade para não atuar nos casos considerados menos urgentes. Quem é obrigado a fazer tudo pode não conseguir resolver (quase) nada.
3. Método
A falta de um padrão técnico e de melhores práticas pode fazer com que inquéritos e ações levem mais tempo para serem concluídos do que o necessário – além de poder gerar inconsistências no resultado. Isso, associado com a fragmentação e volume excessivo de investigações, pode gerar um acervo de alto volume, mas de baixo impacto.
4. Automação
Sistemas de informação com inteligência de dados podem substituir a necessidade de procedimentos manuais de investigação. Assim, uma plataforma de dados, com medidas predefinidas e modeladas em exemplos já preparados, pode reduzir e controlar sensivelmente o acervo de inquéritos.