1. Apoio da liderança é fundamental
Por melhores que sejam as ferramentas tecnológicas disponíveis, o elemento organizacional e humano pode ser o maior desafio para a inovação. É nesse ponto que o papel da liderança da instituição é decisivo. Ela precisa comunicar, em todas as direções, que inovação e a melhoria contínua (pressupondo prestação de contas e de resultados), são valores essenciais para todos.
2. A intensidade ótima da inovação
Não é simples encontrar a intensidade adequada para a introdução de novas ideias. Assim como não é fácil aceitar os riscos de não dar certo. Tudo indica que o primeiro biênio do Inova_MPRJ terá sido o mais desafiador – já que a cultura de inovação e experimentação ainda não está solidificada na Instituição.
3. Um método para nortear, mas flexível o suficiente para se ajustar a cada contexto
O Inova_MPRJ propôs o Fluxo de Transformação como método para conferir maior efetividade ao trabalho do MP na defesa dos direitos fundamentais. Ao mesmo tempo, introduziu práticas de planejamento tático-operacional baseadas em ciclos de trabalho de seis semanas. Ambas as iniciativas se mostraram promissoras - sempre com a flexibilidade para adequar as diretrizes à realidade e às dificuldades de cada projeto. Ou seja, reorganizar a ordem de etapas, quebrar objetivos em problemas menores e ajustar escopos para que caibam no ritmo da organização e dos parceiros envolvidos.
4. Investimento em pessoas e equipe 100% dedicada
O investimento em seleção, treinamento e estímulo ao potencial criativo das equipes se reverte nos maiores ativos das organizações. O Inova_MPRJ construiu um time dedicado exclusivamente a pensar e praticar a inovação. Fez isso por meio de processos seletivos exigentes, inclusive em parceria com o Vetor Brasil – organização especializada em seleção de pessoas para o setor público. O desenvolvimento individual e coletivo da equipe são prioridades, sendo analisados e documentados semestralmente em avaliações com a chefia imediata e no modelo 360º. Além disso, todos os projetos do Laboratório contam com uma dimensão de desenvolvimento de capacidades nos órgãos parceiros.
5. Integração e pertencimento
De nada adianta ter apenas uma pequena equipe inovando, isolada do resto da instituição. O caminho será mais curto, prazeroso e eficaz se existirem iniciativas e práticas inovadoras disseminadas por diversas estruturas. O Inova_MPRJ acredita que mudanças duradouras, de resultados e cultura, exigem colaboração e senso de pertencimento. Por isso, a colaboração próxima com os órgãos proponentes em todas as etapas dos projetos, bem como projetos como o Fagulha são fundamentais para a disseminação da cultura de inovação na organização.
6. Cuidado com limites de atribuição
Os experimentos do Inova_MPRJ não pressupõem uma decisão de adoção em escala daquilo que será testado (art. 2º da Resolução GPGJ n. 2.292). Ir além do protótipo é restringir a capacidade produtiva do Laboratório e possivelmente desvirtuar sua função. Em contrapartida, não fazer parte do desenvolvimento, nem ter acesso aos dados ou da gestão de contratações gera entraves para a transformação dos protótipos em produtos. É preciso integração entre os órgãos que participam das diferentes etapas do ciclo de vida de projetos transformadores.
7. Liberdade para testar o que é fora do padrão
O Inova_MPRJ é um dos primeiros laboratórios em governo a contar com a previsão normativa de um sandbox regulatório em seu ato de criação. Isso proporciona um ambiente de experimentação onde é possível, de forma controlada e responsável, suspender temporariamente uma regra da Instituição, caso conflite com a inovação pretendida. Assim, o Laboratório é a unidade ideal para atuar no desenho, curadoria e propulsão de processos de inovação aberta.
8. Comunicar resultados é gerir conhecimento
Se laboratórios de inovação são ambientes destinados a produzir e gerir conhecimento aplicado, comunicar resultados é tão fundamental quanto medi-los. Laboratórios testam possíveis caminhos e aprendem com os próprios erros e acertos para orientar decisões estratégicas das organizações. Nada disso é possível sem documentação detalhada dos experimentos, divulgação transparente de seus resultados e conclusões (de preferência, em formato web) e compartilhamento dos principais aprendizados.
9. Mentalidade de avaliação de impacto desde a concepção
Todo experimento deve partir de objetivos bem definidos e métricas palpáveis para medir resultados de curto, médio e/ou longo prazo. Em outras palavras, é fundamental elaborar estratégias de monitoramento e avaliação de impacto desde a concepção de cada iniciativa. Caso contrário, é provável que o desenho inicial do projeto não permita o uso de métodos rigorosos de avaliação.
10. Potencial dos órgãos de controle para promover a abertura de dados e transparência
Há hesitação de órgãos governamentais em garantir o acesso incondicional aos bancos de dados públicos ou relativos a serviços de relevância pública, conforme determina a Lei Orgânica do Ministério Público (Lei Complementar n. 75, de 20 de maio 1993, art. 8º, inciso VIII). O Laboratório continua acreditando no trabalho em parceria. Contudo, entende que a confiança e o compartilhamento de dados é pré-requisito para qualquer cooperação bem-sucedida.