Há grande potencial para solucionar desafios complexos quando se abre caminho para a inteligência coletiva. Essa é a promessa da inovação aberta, processo que conecta o conhecimento de quem lida diariamente com desafios de organizações públicas e privadas com a expertise do ambiente de inovação – em especial, de startups.
Os programas de inovação aberta possuem um diferencial promissor. Por meio deles, organizações podem investir na definição precisa dos problemas que pretendem ver resolvidos, ao invés de despender tempo e dinheiro no detalhamento das possíveis soluções. Com isso, criam condições para a criatividade de indivíduos e empresas competirem para construir as melhores propostas.
Esse diferencial pode ser ainda mais promissor quando aplicado aos desafios do setor público. Ao deslocar o foco da definição da solução para a definição do problema, o processo contribui para o aprimoramento da lógica tradicional do processo de compras governamentais. Todo setor de compras públicas conhece o desafio de precisar prever detalhadamente cada funcionalidade da solução que pretende adquirir - às vezes, sequer existentes.
Além disso, ao criarem pontes com o ambiente de inovação, as organizações públicas aumentam significativamente as chances de terem soluções mais compatíveis às especificidades de seus desafios. Em um cenário no qual os desafios do setor público se transformam com rapidez, ferramentas como a criatividade e técnicas inovadoras de desenvolvimento de sistemas e produtos são aliados em potencial para resolvê-los.
O Impacta é o programa de inovação aberta do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O principal objetivo do programa é encontrar e fomentar a criação de soluções inovadoras para desafios relacionados às atividades-fim e meio da Instituição.
A primeira edição do Impacta buscou a resolução de nove desafios do MPRJ. Os participantes do programa concorreram apresentando propostas de solução (em forma de protótipos) para cada um deles.
Diante da importância de priorizar temas relevantes para o MPRJ e definir precisamente cada desafio, a primeira fase do programa é inteiramente dedicada a esses objetivos. Para chegar aos nove desafios do primeiro ciclo, o Inova_MPRJ dividiu o processo em quatro passos que combinam colaboração e critérios objetivos de escolha.
Em resumo, o método parte da análise dos instrumentos de planejamento estratégico do MPRJ e do CNMP; envolve os integrantes da Instituição em pesquisas e entrevistas para priorizar oportunidades de melhoria; agrega a visão da sociedade; e realiza aprofundamento dos temas selecionados para definir com precisão os desafios e os respectivos resultados esperados. Saiba mais aqui.
A fim de garantir o engajamento de diversos atores do ecossistema de inovação, a fase de Seleção dos Participantes envolve ampla estratégia de comunicação, com chamada aberta e busca ativa por equipes e startups interessadas em todo o território nacional. O objetivo é assegurar grande número de inscrições em todos os desafios.
Os potenciais participantes do programa são avisados por meio de anúncio com alcance nacional sobre os desafios, as regras de participação e os prazos para inscrição. O processo de seleção foca, prioritariamente, nas competências e capacidades dos inscritos em validar soluções viáveis para os desafios escolhidos.
Primeiramente, é realizada triagem para eliminação de candidatos que não se enquadrem nos critérios mínimos dos módulos de incubação e aceleração (i.e., disponibilidade para participar das atividades, qualificações técnicas e competências, experiências prévias, qualidade do vídeo de apresentação enviado na inscrição, entre outros). Em seguida, interessados são avaliados em entrevistas e, então, selecionados para os diferentes módulos.
O módulo de incubação conta com quarenta vagas individuais (oito a dez grupos) em busca de soluções para três desafios. Já o módulo de aceleração, conta com doze novas startups para os seis desafios remanescentes, além dos participantes do módulo de incubação que forem indicados para sequência no programa – avançando dentro dos desafios previamente iniciados.
No módulo de incubação, oito grupos (formados por empreendedores, técnicos e pesquisadores) passaram por treinamentos, mentorias e consultorias para desenvolverem propostas de produtos mínimos viáveis ao longo de quatro semanas. A cada grupo foram disponibilizados três mentores (dois do MPRJ e um externo) e encontros formais com consultores em ciência de dados, design de serviço e gráfico, comunicação, políticas públicas, gestão ágil e desenvolvimento de software.
Ao final do módulo, os grupos apresentaram suas propostas para banca julgadora do MPRJ, que decidiu por dar continuidade a todos os desafios e a levar sete equipes para o módulo de aceleração.
Assim como no módulo de aceleração, houve a possibilidade de apresentação e contratação de soluções já disponíveis no mercado por meio do pareamento (caso atendessem totalmente aos resultados esperados pré-definidos e ao nível de personalização necessário para o MPRJ).
Com duração de cinco meses e meio, o módulo de aceleração recebeu doze startups para os seis desafios remanescentes, além dos sete grupos advindos do módulo de incubação.
Cada grupo recebeu treinamentos e apoio de, ao menos, três mentores (dois do MPRJ e um externo) e consultores externos em ciência de dados, design de serviço e gráfico, comunicação, políticas públicas, gestão ágil e desenvolvimento de software.
As entregas foram organizadas em três ciclos de seis semanas. E, ao final de cada ciclo, foram apresentados vídeos e documentações do progresso de cada startup para o MPRJ. O primeiro ciclo focou na redefinição dos problemas, bem como em pesquisas de mesa, conversas com especialistas, obtenção de dados, priorização de indicadores e exploração preliminar dos dados. Já os ciclos seguintes, focaram na definição das soluções, em seus roteiros de desenvolvimento e na construção de produtos mínimos viáveis.
O módulo terminou com a apresentação das soluções para banca julgadora do MPRJ, que definiu as vencedoras e menções honrosas. Assim como no módulo de incubação, houve espaço para pareamento com soluções existentes que porventura atendessem às especificidades exigidas em cada desafio.
O Impacta previu fase de apoio aos participantes para participação exitosa em eventuais contratações. O programa contemplou a prestação de apoio e acompanhamento às startups e ao MPRJ durante os três primeiros meses de desenvolvimento das soluções, eventualmente contratadas pelo MPRJ e seus parceiros.
Não basta apenas conhecimento técnico para construir qualquer serviço ou produto de sucesso. Antes de tudo, é necessário conhecer profundamente o problema e seus desdobramentos, especialmente quando entram em cena desafios do setor público.
O Impacta ofereceu treinamentos personalizados em habilidades como desenvolvimento de sistemas e negócios; mentoria de procuradores, promotores e servidores do MPRJ que conhecem os desafios do setor público como ninguém; e acesso seguro aos dados necessários para que as soluções fossem desenvolvidas.
O programa também contou com apoio da empresa Semente Negócios - aceleradora de programas de inovação selecionada por meio de licitação pública. para construir pontes entre o MPRJ e o ecossistema de inovação. No Impacta, ao lado do Inova_MPRJ, realizou o elo entre a expertise dos atores externos que integram o ambiente de inovação e os desafios do MPRJ, dentre outras atividades, como a divulgação dos desafios e o apoio técnico aos participantes ao longo do programa.
