Antonio Carlos Rodrigues dos Santos

Antonio Carlos Rodrigues dos Santos
Antônio Carlos Rodrigues nasceu em Volta Redonda, em 04 de março de 1971. Antes de ingressar na polícia, trabalhou na CSN - Companhia Siderúrgica Nacional. Seguindo os passos do irmão, também policial, decidiu prestar concurso e, em 2001, entrou para a corporação.
Formou-se no 28º Batalhão e, em 2007, foi transferido para a Corregedoria, atuando na Baixada Fluminense. Em 2010, foi alocado na Barreira Fiscal do Sul Fluminense. Três anos depois, em 2013, passou por avaliação e foi convidado a integrar o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, atuando junto ao CRAAI de Volta Redonda.
Lá reencontrou Carlos Eduardo Vieira Machado, colega de batalhão, com quem trabalhou passou a trabalhar lado a lado, desde então.
O crime
Em 2019, durante o cumprimento de uma diligência de condução coercitiva em área abrangida pelo programa Minha Casa Minha Vida, Rodrigues e seu colega Machado foram vítimas de uma emboscada, por traficantes armados.
Esclarece que, à época, o território era dominado pela facção criminosa Comando Vermelho, havendo, no entanto, uma acirrada disputa territorial com a facção rival, Terceiro Comando. Assim, apesar de a equipe já ter realizado diligências anteriores no mesmo local, sem qualquer intercorrência, naquele dia foram surpreendidos por criminosos armados, que efetuaram 37 disparos, inclusive com utilização de pistolas adaptadas com kit rajada.
Rodrigues, que dirigia a viatura descaracterizada do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, foi atingido na mão e no braço. Já seu colega, PMERJ Machado, sofreu três disparos no rosto e nas pernas. A ação foi extremamente violenta e, durante a perícia, constaram seis projéteis cravados no encosto de cabeça do banco do motorista.
Em razão do confronto, e tentando salvar sua vida e a de seu colega, Rodrigues saiu da viatura atirando, vindo a se abrigar no local. Instantes após o término do confronto, e averiguando o recuo dos criminosos, Rodrigues conseguiu retornar à viatura e socorrer o colega ao hospital.
Após atendimento e retirada de uma das balas que ficou alojada em sua mão, a vítima foi liberada. Já o PMERJ Machado ficou meses internado, em estado vegetativo. Após algum tempo, passou a receber tratamento domiciliar (homecare). Contudo, um ano e quatro meses após os fatos veio a falecer.
Durante o processo criminal, o autor dos disparos com kit rajada foi identificado por Rodrigues, vindo a ser condenado, em sessão plenária junto ao Tribunal do Júri, a cinquenta anos, dez meses e dezenove dias de reclusão, além de cinco meses de detenção. Contudo, após recurso defensivo, a referida pena foi redimensionada pela Sétima Câmara Criminal, passando a ser de trinta e seis anos, nove meses e vinte e três dias de reclusão, além de três meses e dezoito dias de detenção, já com trânsito em julgado.
As consequências do crime - o que fica
A emboscada mudou para sempre a vida do PMERJ Rodrigues e de todos ao seu redor.
Sete dias após o atentado, ele retornou ao trabalho. Contudo, apesar de manter a rotina de diligências, passou a enxergar cada pessoa como um risco em potencial. O trauma de ver o amigo caído sobre si o acompanha até hoje.
A dor encontrou consolo na música: Rodrigues passou a tocar violoncelo na igreja, encontrando ali espaço para reconstrução emocional. Até hoje mantém o vínculo com a família do PMERJ Machado.
Sua filha, à época com cinco anos, desenvolveu problemas dermatológicos em decorrência do estresse do episódio e ainda segue em tratamento.
O crime, porém, não interrompeu sua trajetória institucional. Com resiliência, seguiu servindo ao MPRJ e, hoje, lidera o GAP de Volta Redonda, com o compromisso renovado de lutar por justiça.