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Carla Cristiane Teixeira Bon

45 anos
Rio de Janeiro
25 de setembro de 1979
17 de março de 2025

Carla nasceu em 25 de setembro de 1979, no Rio de Janeiro, e faria 46 anos em 2025. Era mãe de dois filhos: Carla Sofia, de 7 anos, e Paulo Eduardo, de 28. Dedicava sua vida à família, especialmente à filha mais nova, com quem compartilhava momentos de carinho e cumplicidade.

Carla era muito próxima dos pais e do irmão Paulo, além de carinhosa e presente em todos os eventos familiares. Adorava animais - tinha um cachorro, chamado Aspira, e uma gatinha, de nome Mimosa. Gostava de observar o nascer e o pôr do sol, assim como a lua, enviando fotos para o grupo da família.

Formada em Serviço Social, iniciou estágio em um balcão de atendimento da Polícia Civil em Bangu, onde nasceu sua vocação. Decidiu, então, prestar concurso para a Polícia Militar. Embora a família tivesse receio por sua natureza doce, Carla se destacou na carreira e serviu com dedicação por 12 anos, alcançando, em 2024, a graduação de terceiro sargento.

Carla passou mais de uma década atuando em Unidades de Polícia Pacificadora, onde cuidava de colegas feridos em serviço e de suas famílias. Reconhecida como exemplo de empatia e compromisso, era responsável por mobilizar apoios, arrecadações e pensões para policiais vitimados.

Para complementar a renda, realizava muitas escalas extras (RAS), o que a deixava exausta. Ainda assim, mantinha amor pela farda e por sua missão. Seu maior sonho era comprar a casa própria. Também desejava conhecer Gramado e Canela.

Carla era lembrada por repetir constantemente um "eu te amo". Seu irmão recorda que o velório foi marcado por homenagens espontâneas: uma senhora, em meio à cerimônia, fez questão de testemunhar a todos o quanto Carla havia lhe ajudado em um momento difícil de sua vida. O gesto simboliza a marca de solidariedade que deixou por onde passou.

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O crime

Na madrugada de 17 de março de 2025, por volta de 00h40, Carla estava em patrulhamento na Linha Amarela, na altura da saída 5. Sua viatura encontrava-se no acostamento quando um motorista embriagado, retornando de uma festa, perdeu o controle do veículo, cruzou as faixas e colidiu violentamente contra a policial e o carro oficial.

Carla morreu no local. O colega de farda que estava dentro da viatura foi atingido e sofreu lesão no quadril, ficando temporariamente afastado de suas funções.

O impacto da tragédia foi sentido de imediato pela família, que recebeu a notícia no Hospital de Bonsucesso. Após o episódio, a corporação passou a manter as viaturas em áreas gradeadas, atrás das muretas de proteção.

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As consequências do crime - o que fica

A perda de Carla devastou sua família. O irmão Paulo descreve como o momento mais doloroso da vida dar a notícia aos pais. O acolhimento institucional no IML foi precário, agravando ainda mais a dor.

Os pais entraram em profundo sofrimento, necessitando de acompanhamento psiquiátrico e psicológico. O genitor chegou a desenvolver depressão. Sofia, filha de 7 anos, passou a viver sob a guarda do pai e não dormiu mais na casa dos avós maternos, ampliando o sentimento de ausência para os avós, que perderam, ao mesmo tempo, a filha e a convivência cotidiana com a neta.

O filho mais velho, Paulo Eduardo, tenta seguir a vida trabalhando, mas carrega uma dor profunda. A fé tem sido o principal recurso da família, que busca forças na espiritualidade para suportar a perda.

Carla será sempre lembrada como uma mãe amorosa, uma policial dedicada e uma mulher solidária, que fazia da sua vida um compromisso com o cuidado ao próximo. Sua ausência permanece como dor viva, mas também como inspiração de amor, coragem e humanidade.

vídeo - Carla Bon

A voz da Família