Luana Gomes da Silva

Luana Gomes da Silva
Luana nasceu e foi criada no interior de Campos dos Goytacazes. Seu nascimento foi em casa, em uma família muito heteronormativa, onde enfrentou episódios de discriminação desde cedo.
Apesar das adversidades, sempre estudou na mesma escola estadual, espaço em que, mesmo atravessada por violências, podia ser quem era e se sentir mais autêntica. Foi boa aluna, fez curso técnico pelo PRONATEC e trabalhou em uma lanchonete, experiência que marcou positivamente sua trajetória.
Viveu um relacionamento tóxico que deixou marcas profundas em sua vivência. Mudou-se para Macaé e, quando retornou a Campos, descreveu a sensação como um choque - voltou já assumida como menina.
Em 2019, conquistou a retificação de seus documentos, marco fundamental na busca por dignidade e respeito. Hoje, é mulher trans, praticante do Candomblé, aluna de pré-vestibular comunitário e graduanda em Pedagogia. É apenas a terceira mulher trans em seu curso, vivência que considera ao mesmo tempo maravilhosa e desafiadora. Para ela, a universidade é um espaço que empodera, mas que exige grande resistência.
Nos momentos de lazer, gosta de estudar, sair com amigas, ir ao terreiro, dançar Beyoncé e organizar seu guarda-roupa, montando looks. Suas referências musicais incluem artistas negras que inspiram resistência e identidade, como Beyoncé, Linn da Quebrada, Ebony e Duquesa.
O crime
O crime ocorreu em um bar, espaço que até então era um ambiente de lazer, acolhimento e diversão em sua cidade. Luana sofreu uma agressão que deixou marcas físicas em seu rosto.
Desde então, os bares - um dos poucos espaços de lazer disponíveis em sua região - deixaram de ser sinônimo de descontração e passaram a representar também um ambiente de vigilância e risco.
As consequências do crime - o que fica
As marcas físicas da agressão permanecem em seu rosto. Sempre que as observa, lamenta ter que carregar o estigma dessa violência, mas se esforça diariamente para ressignificá-las, tentando vê-las como uma característica que não a define.
O trauma também impactou sua relação com o lazer: Luana relata que, agora, só entra em bares após analisar o público, observar o ambiente e se certificar de que o local é seguro.
Apesar das dores, segue em movimento, fortalecida pelo estudo, pela espiritualidade e pela luta por dignidade, representando muitas outras mulheres trans que buscam viver com segurança, respeito e reconhecimento.