Emerson Stresser

Emerson Stresser
Emerson nasceu em 30 de setembro de 1980, em Curitiba. Aos 33 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro após ser aprovado em concurso público para arquiteto, onde viveu de 2013 a 2021. Foi nesse período que, com muito esforço e sacrifícios pessoais, conseguiu realizar o sonho da casa própria, adquirindo um apartamento em Laranjeiras, em 2015.
Sempre disciplinado, Emerson abriu mão de muitos momentos de lazer e de consumo para conquistar esse bem, símbolo de estabilidade e independência financeira. Em 2021, ao encerrar seu contrato no Rio de Janeiro e ser aprovado em novo emprego em Brasília, decidiu vender o apartamento, avaliando a possibilidade de investir o valor obtido até definir melhor seus próximos passos.
O Crime
Emerson chegou até uma empresa que realizava ofertas públicas de valores imobiliários por indicação de uma amiga de confiança, que lhe apresentou um assessor financeiro ligado diretamente à empresa. As primeiras interações transmitiram credibilidade: o assessor oferecia brindes, convites para eventos culturais e sempre reforçava a solidez da empresa.
O primeiro investimento, em 2021, no valor de R$ 50 mil, trouxe resultados rápidos e seguros, reforçando a confiança de Emerson. No ano seguinte, com o valor da venda de seu único imóvel, realizou novo aporte: R$ 250 mil. Esse dinheiro representava toda a vida de trabalho, além de parte emprestada por seu pai, que esperava a devolução.
Apesar de promessas de resgate em seis meses, Emerson nunca recebeu de volta os valores aplicados. Foram sucessivas solicitações ignoradas, justificativas evasivas e até renegociações enganosas, que apenas ampliaram sua espera.
Enquanto buscava respostas, descobriu que a Comissão de Valores Mobiliários já havia emitido alertas sobre a atuação irregular da empresa. As investigações apontaram transferências milionárias de valores para contas pessoais de seus diretores. O assessor que lhe apresentou os investimentos alegou também ser vítima. Até hoje, não houve condenação criminal definitiva.
A estimativa é que cerca de 300 pessoas tenham sido lesadas pelo mesmo esquema fraudulento.
As consequências do crime - o que fica
O golpe destruiu não apenas o patrimônio de Emerson, mas também sua saúde, seus vínculos familiares e sua confiança. Ao perceber que havia perdido todo seu investimento, fruto de anos de esforço, passou a sofrer de ansiedade, insônia e crises de taquicardia, sendo obrigado a iniciar tratamento com medicamentos controlados.
A relação com o pai também foi profundamente abalada, já que parte do valor do apartamento vendido pertencia a ele. Ao admitir que não poderia devolver o dinheiro, Emerson passou a carregar um sentimento de vergonha e culpa.
Sem o imóvel e sem o capital investido, mudou-se para Brasília, mas não conseguiu se manter devido ao alto custo de vida. Retornou, então, para Curitiba, onde hoje, aos 44 anos, vive de favor na casa dos pais, carregando a sensação de ter retrocedido em sua trajetória.
Ele relata não conseguir mais confiar em propostas de investimento e perdeu o interesse em planejar seu crescimento financeiro. Vive um sentimento de humilhação por ter chegado a um ponto de independência e estabilidade e, em seguida, ser obrigado a recomeçar do zero.
Emerson se mantém articulado com outras vítimas e com o Ministério Público, buscando que o caso não seja esquecido. Mais do que a perda material, ele convive diariamente com a indignação de ver crimes financeiros semelhantes tendo desfechos judiciais mais rápidos, enquanto seu dano permanece sem reparo.