Patrícia Lourival Acioli

Patrícia Lourival Acioli
Patrícia Lourival Acioli nasceu em 14 de fevereiro de 1964, em Niterói, filha de Marli Lourival Acioli e João da Rocha Acioli. Faleceu aos 47 anos, deixando três filhos. Cresceu em uma família de bancários, mas sua mãe, ao casar-se, passou a se dedicar ao lar. Patrícia tinha duas irmãs, Simone e Márcia, e construiu uma vida profundamente ligada à família e ao trabalho.
De personalidade intensa, acreditava na força da educação e na ressocialização. Se formou em Direito pela UERJ e atuou inicialmente como Defensora Pública, chegando a adotar, naquela época, três adolescentes internados no Instituto Padre Severino, buscando oferecer-lhes uma nova chance. Após, ingressou na carreira da Magistratura, atuando com coragem, firmeza e proximidade com as vítimas e familiares, sempre de portas abertas, acolhendo e transformando realidades.
Mãe dedicada, enfrentou gravidezes de risco e sempre colocou os filhos em primeiro lugar. Sonhava com a casa própria e com um veleiro para a aposentadoria. De espírito generoso, apoiava familiares, colegas e até mesmo sua própria escolta, custeando estudos e ajudando financeiramente sempre que podia. Era alegre, carismática e movida pela convicção de que 'quem muda o seu destino é você'.
O crime
Na noite de 11 de agosto de 2011, Patrícia retornava de carro do fórum de São Gonçalo para sua residência, em Piratininga, Niterói. Ao chegar em casa, foi brutalmente assassinada com 21 tiros, disparados por dois homens. A motivação do crime partiu de policiais militares contrariados com sua atuação firme contra grupos de agentes envolvidos em homicídios e extorsões em São Gonçalo.
A tragédia abalou profundamente sua família. Mike, seu filho, foi o primeiro a ver o corpo da mãe; em seguida, Wilson, seu ex-companheiro, chegou ao local. O sentimento de indignação se acentuou com o tempo: um dos mandantes só foi expulso da corporação em 2024, após 13 anos, e, nesse período, continuou recebendo salário. A família ainda convive com a revolta de ver alguns dos envolvidos em liberdade, reconstruindo suas vidas, enquanto carrega a dor irreparável da perda.
As consequências do crime - o que fica
A morte de Patrícia deixou marcas profundas e permanentes. Wilson relata que todas as datas significativas passaram a ser acompanhadas de vazio e dor. Ela não pôde acompanhar momentos importantes, como a posse de Mike como Defensor Público no Ceará, nem as conquistas acadêmicas das filhas Ana Clara e Maria Eduarda. Esses marcos, que seriam de grande orgulho, passaram a ser lembrados com saudade.
As filhas trilharam caminhos inspirados pelo legado da mãe: Ana Clara estuda para a carreira da Defensoria Pública e Maria Eduarda ingressou em medicina após esforço intenso. Ambas recordam histórias de vidas transformadas pela atuação de Patrícia, que servem como fonte de inspiração.
A mãe de Patrícia, Marli, adoeceu gravemente após a perda da filha, vendo sua saúde se deteriorar rapidamente. O luto da família se mistura ao medo constante, já que alguns envolvidos no crime ainda vivem próximos. Apesar disso, todos mantêm o lema familiar: 'somos mais do que mil, somos um'. O legado de Patrícia permanece vivo na memória de sua família, de seus colegas e de todos que foram tocados por sua coragem e humanidade.