EIXO 6 - Gabriela Prado Maia Ribeiro

Gabriela Prado Maia Ribeiro

14 anos
Rio de Janeiro
30 de agosto de 1988
25 de março de 2003

Gabriela Prado Maia Santiago Ribeiro nasceu em 30 de agosto de 1988, na Tijuca, Rio de Janeiro e, no momento de sua morte, tinha apenas 14 anos, cursando a oitava série do ensino fundamental. Ela e a família sempre viveram na Tijuca. Sua mãe, Cleide, trabalhava representando marcas, e seu pai, Santiago, era funcionário da Tribuna da Imprensa.

Gabriela era uma menina cheia de vida, apaixonada pela praia, onde praticava aulas de surfe e já conseguia se equilibrar na prancha. Era também muito ligada aos animais: passava as tardes ajudando o pai em um petshop que ele mantinha na Rua Uruguai e dizia que queria ser veterinária. Quando a loja foi vendida, fez questão de levar todos os animais para casa - hamster, iguana, gato e, claro, sua inseparável cachorrinha Florzinha, uma poodle branca.

Tinha grande afinidade com a música: estava aprendendo a tocar cavaquinho e orgulhava-se de já executar músicas inteiras, como 'Brasileirinho'. Patriota, escolheu um cavaquinho pintado nas cores do Brasil, o que combinava com seu travesseiro, fichário e adesivos. Seu orgulho pela bandeira nacional era uma marca de sua personalidade.

Era também extremamente ativa e fazia diversos cursos após o horário escolar. O pai, ao relembrar essa rotina, reflete que parecia haver nela uma urgência de viver. Gabriela era excelente aluna e chegou a receber o prêmio PH de melhor estudante do ano. Vibrava a cada nota alta e comemorava com intensidade cada conquista.

Muito ligada à família, Gabriela convivia diariamente com os primos, compartilhando momentos de infância e adolescência. Gostava de festas, de passeios ao sítio da madrinha em Guapimirim e do convívio caseiro. O pai, botafoguense apaixonado, tentou levá-la para o estádio, mas Gabriela não abria mão de torcer para o Flamengo, em sintonia com os primos. Uma menina alegre, carismática, dedicada aos estudos e à família, com muitos sonhos pela frente.

EIXO 6 - Gabriela Prado Maia Ribeiro

O Crime

No dia 25 de março de 2003, Gabriela convenceu a mãe a permitir que fosse sozinha até a loja de uma amiga para escolher um vestido de festa de quinze anos. Animada por poder andar sozinha de metrô, pela primeira vez, faria apenas um curto trajeto - da estação São Francisco Xavier até a Praça Saens Peña.

Naquele dia, entretanto, criminosos planejaram um assalto à bilheteria do metrô. Ao descer para comprar seu bilhete, Gabriela ficou na fila atrás de um policial, quando um dos assaltantes anunciou o roubo. Houve troca de tiros. Assustada, Gabriela correu em direção à escada, momento em que foi alvejada por um disparo de um policial civil que descia no mesmo instante. O tiro a atingiu fatalmente.

A tragédia expôs a desorganização e a irresponsabilidade da ação policial, vitimando uma jovem inocente em um episódio que poderia ter sido evitado. A revolta da família se soma à constatação de que, apesar da gravidade, os responsáveis pela condução da operação não receberam punições proporcionais.

EIXO 6 - Gabriela Prado Maia Ribeiro

As consequências do crime - o que fica

A morte de Gabriela devastou a vida da família. Os pais, apesar de se unirem na luta por justiça, acabaram se separando em razão do sofrimento insuportável. O genitor, consumido pela dor, passou a beber diariamente durante um ano, até conseguir retomar a sobriedade. A mãe, Cleide, aumentou o consumo de cigarro, chegando a fumar três maços por dia, e faleceu cinco anos depois, vítima de um AVC.

O avô, que já apresentava problemas de saúde, desistiu de se cuidar após a perda da neta. Interrompeu o uso de remédios e, cinco meses depois, também faleceu.

O pai descreve que nada substitui a morte de um filho. O luto é eterno e as lembranças, dolorosas. Para ele, manter viva a memória de Gabriela é uma forma de encontrar algum sentido diante da perda irreparável. Sempre que veste uma blusa da filha, sente orgulho em saber que sua história não será esquecida.