Henry Borel

Henry Borel
Henry nasceu em 3 de maio de 2016, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, e faleceu aos quatro anos de idade. Era uma criança comunicativa, brincalhona e surpreendentemente madura para a sua idade - o pai dizia que ele parecia ter oito anos. Gostava de desenhos e jogos do universo Mario, passava horas brincando em casa e tinha grande afinidade com a água, fosse na banheira ou na piscina. Frequentava parquinhos e shoppings, onde colecionava bonecos de super-heróis, como Hulk e Homem-Aranha, e adorava se fantasiar.
No esporte, já se arriscava no futebol e em brincadeiras coletivas. Na escola, vivia a fase de pré-alfabetização em meio à pandemia e a uma mudança recente de colégio, mas demonstrava entusiasmo com o convívio entre colegas. Também era muito próximo do primo e de amigos do condomínio, como Pedro e João.
A música marcava sua rotina: "Meu Abrigo", do grupo Melim, ficou registrada no último Dia dos Pais; e "Mãezinha do Céu", cantada pouco antes de partir, tornou-se lembrança afetiva preservada em vídeo pelo pai. Henry sorria em quase todas as fotos e gostava de dançar.
Entre os sonhos de curto prazo, destacava-se a primeira viagem à Disney. O pai, que reorganizou sua vida profissional para estar mais presente após deixar o trabalho embarcado na Marinha Mercante, projetava para Henry um futuro de oportunidades e escolhas abertas.
O Crime
No final de 2020, após a separação dos pais, Henry passou a viver uma rotina de grandes mudanças. Poucos meses depois, já enfrentava sinais de sofrimento: apresentou medos, regressões de comportamento e queixas físicas. Foram necessários atendimentos médicos e até sessões de psicoterapia, sempre em meio a relatos de episódios de agressões e ao desejo de não retornar para a casa da mãe, após as visitas paternas.
No fim de semana de 7 de março de 2021, Henry esteve com o pai, brincou, participou de atividades em família e foi visto em bom estado geral. Na madrugada seguinte, foi levado ao hospital já sem vida, por sua mãe e padrasto.
O laudo pericial constatou 23 lesões distribuídas pelo corpo, incluindo ferimentos no crânio e hemorragia interna, afastando qualquer hipótese de acidente e confirmando a prática de violência extrema contra a criança, sem possibilidade de defesa.
O caso ganhou repercussão nacional e internacional, tornando-se símbolo da urgência de fortalecer mecanismos de proteção à infância.
As consequências do crime - o que fica
A morte de Henry transformou a dor em mobilização social. Da experiência com as falhas de proteção à infância nasceu a Lei Henry Borel, aprovada em tempo recorde, consolidando um marco no enfrentamento da violência doméstica contra crianças.
Foi criado também o Instituto Henry Borel, que atua de forma multidisciplinar - com psicologia, serviço social, psicopedagogia, advocacia, medicina e fisioterapia - oferecendo acolhimento, laudos técnicos e encaminhamentos para garantir maior celeridade e efetividade nas decisões de proteção.
O pai, Leniel, segue comprometido com a preservação da memória do filho e com a luta por políticas públicas que garantam a proteção integral das crianças. Hoje, já com um novo filho, afirma viver o luto na luta: transformando a lembrança de Henry em força para que outras infâncias sejam protegidas.