João Pedro Matos Pinto

João Pedro Matos Pinto
João Pedro, desde pequeno, era muito caseiro, mas após ingressar na escola passou a viver uma fase de muitas amizades e descobertas. Amava jogar futebol e estar com os colegas na escola. Era um garoto sorridente, gentil, estudioso e muito ligado à família.
A música que o define é um louvor evangélico que até hoje emociona seus familiares: ¿Essa casa é a minha casa, nós deixamos ela para você¿. A fé sempre foi um valor essencial para João Pedro e sua família.
O menino tinha uma irmã de nove anos, chamada Rebeca, um primo querido, Natan, e um amigo especial, Breno. Seus pais, muito presentes, sempre estimularam o foco nos estudos. João Pedro sonhava em ser advogado e o pai o aconselhava a seguir esse caminho como alternativa à realidade dura ao redor.
Estava no 9º ano do ensino fundamental, com excelente desempenho escolar. Chegou a estudar em escola pública, onde sofria com a ausência de professores. Posteriormente, com a contratação da mãe pela rede particular, pôde ingressar em uma escola melhor, o que o deixou muito animado com a nova rotina.
João Pedro estava ansioso para uma viagem ao hotel fazenda no Vale da Mantiqueira, programada para 2020. Também planejava comemorar seus 15 anos com os amigos. A vida, no entanto, foi interrompida antes disso.
O Crime
Em 18 de maio de 2020, durante a pandemia da COVID-19, João Pedro foi vítima de uma ação policial dentro da casa de sua tia Denise, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
A operação foi conduzida pela Polícia Federal, com apoio da CORE, da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. A Polícia Federal não efetuou disparos, mas a CORE disparou diversos tiros dentro da residência, atingindo João Pedro.
Após ser baleado, o menino foi levado da casa sem qualquer aviso à família. Os pais passaram 17 horas em busca do paradeiro do filho, visitando hospitais, sem respostas. Só no dia seguinte é que souberam que o adolescente estava morto.
Há relatos de que ele teria sido levado ao Hospital da Lagoa, embora o correto, por protocolo, fosse o Hospital Alberto Torres, referência na região. A ausência de informações,
a forma da condução e o tempo de espera intensificaram a dor dos pais.
A tia Denise, na casa de quem tudo ocorreu, faleceu em 2023, vítima de câncer, e nunca superou a culpa pelos fatos terem ocorrido em sua residência.
O caso segue sem responsabilização definitiva. A família se ampara na fé para continuar buscando justiça.
As consequências do crime - o que fica
A morte de João Pedro transformou profundamente a vida de seus familiares e amigos.
A dor da ausência é agravada pelo fato de o crime ter ocorrido dentro de casa, em plena pandemia, quando ele fazia parte do grupo de risco e evitava sair.
A mãe ainda carrega a memória da dificuldade de garantir uma boa educação ao filho, e o orgulho de tê-lo visto tão feliz em sua nova escola. O pai, por sua vez, relembra os conselhos que dava e o sonho de ver o filho se tornar advogado.
A irmã Rebeca, os amigos e toda a comunidade sentem a ausência de João Pedro diariamente. Os pais encontraram na fé um refúgio para suportar a perda e seguem em busca de justiça, para que nenhuma outra família precise passar pela mesma dor.