EIXO 6 - João Pedro Matos Pinto

João Pedro Matos Pinto

14 anos
Rio de Janeiro
23 de junho de 2005
18 de maio de 2020

João Pedro, desde pequeno, era muito caseiro, mas após ingressar na escola passou a viver uma fase de muitas amizades e descobertas. Amava jogar futebol e estar com os colegas na escola. Era um garoto sorridente, gentil, estudioso e muito ligado à família. 

A música que o define é um louvor evangélico que até hoje emociona seus familiares: ¿Essa casa é a minha casa, nós deixamos ela para você¿. A fé sempre foi um valor essencial para João Pedro e sua família.
 
O menino tinha uma irmã de nove anos, chamada Rebeca, um primo querido, Natan, e um amigo especial, Breno. Seus pais, muito presentes, sempre estimularam o foco nos estudos. João Pedro sonhava em ser advogado e o pai o aconselhava a seguir esse caminho como alternativa à realidade dura ao redor. 

Estava no 9º ano do ensino fundamental, com excelente desempenho escolar. Chegou a estudar em escola pública, onde sofria com a ausência de professores. Posteriormente, com a contratação da mãe pela rede particular, pôde ingressar em uma escola melhor, o que o deixou muito animado com a nova rotina. 

João Pedro estava ansioso para uma viagem ao hotel fazenda no Vale da Mantiqueira, programada para 2020. Também planejava comemorar seus 15 anos com os amigos. A vida, no entanto, foi interrompida antes disso.

EIXO 6 - João Pedro Matos Pinto

O Crime

Em 18 de maio de 2020, durante a pandemia da COVID-19, João Pedro foi vítima de uma ação policial dentro da casa de sua tia Denise, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. 

A operação foi conduzida pela Polícia Federal, com apoio da CORE, da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. A Polícia Federal não efetuou disparos, mas a CORE disparou diversos tiros dentro da residência, atingindo João Pedro. 

Após ser baleado, o menino foi levado da casa sem qualquer aviso à família. Os pais passaram 17 horas em busca do paradeiro do filho, visitando hospitais, sem respostas. Só no dia seguinte é que souberam que o adolescente estava morto. 

Há relatos de que ele teria sido levado ao Hospital da Lagoa, embora o correto, por protocolo, fosse o Hospital Alberto Torres, referência na região. A ausência de informações, 
a forma da condução e o tempo de espera intensificaram a dor dos pais. 

A tia Denise, na casa de quem tudo ocorreu, faleceu em 2023, vítima de câncer, e nunca superou a culpa pelos fatos terem ocorrido em sua residência. 

O caso segue sem responsabilização definitiva. A família se ampara na fé para continuar buscando justiça.

EIXO 6 - João Pedro Matos Pinto

As consequências do crime - o que fica

A morte de João Pedro transformou profundamente a vida de seus familiares e amigos. 

A dor da ausência é agravada pelo fato de o crime ter ocorrido dentro de casa, em plena pandemia, quando ele fazia parte do grupo de risco e evitava sair. 

A mãe ainda carrega a memória da dificuldade de garantir uma boa educação ao filho, e o orgulho de tê-lo visto tão feliz em sua nova escola. O pai, por sua vez, relembra os conselhos que dava e o sonho de ver o filho se tornar advogado. 

A irmã Rebeca, os amigos e toda a comunidade sentem a ausência de João Pedro diariamente. Os pais encontraram na fé um refúgio para suportar a perda e seguem em busca de justiça, para que nenhuma outra família precise passar pela mesma dor.