O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Pessoa Idosa, em parceria com o Instituto de Educação Roberto Bernardes Barroso (IERBB/MPRJ) e com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), promoveu, na manhã desta quinta-feira (13/11), o XVII Encontro Estadual de Saúde da Pessoa Idosa: "A Integralidade do Cuidado". Realizado no auditório do edifício-sede e transmitido pelo YouTube, o evento teve como objetivo difundir conhecimento e fortalecer a atuação institucional e intersetorial na defesa dos direitos da pessoa idosa, promovendo o diálogo entre gestores, profissionais de saúde e membros do Ministério Público.

A mesa de abertura contou com a presença dos promotores de Justiça Luiz Cláudio Carvalho de Almeida e Denise Vidal, coordenadores dos Centros de Apoio da Pessoa Idosa e da Saúde, respectivamente, que destacaram a importância de ações conjuntas e de eventos formativos voltados à garantia da dignidade e do cuidado integral à população idosa.

“A atuação do Ministério Público hoje se espalha por diversas áreas do conhecimento, e é essencial que estejamos próximos da sociedade civil e das entidades governamentais para tornar essa sociedade melhor”, afirmou Luiz Cláudio. Segundo ele, a troca de saberes entre diferentes setores é fundamental para que o cuidado à pessoa idosa se torne mais efetivo e humano.

Palestras

O professor e geriatra Edgard Nunes de Moraes, consultor do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), palestrou sobre o tema Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa. Em sua exposição, destacou que o envelhecimento, embora natural, traz desafios que precisam ser compartilhados entre as famílias e o Estado. “Não é porque envelhecer é ruim, mas porque o envelhecimento traz desafios que exigem redes de apoio. Sem rede não há cuidado. O foco deve estar na pessoa, e não na doença”, ressaltou Edgard, enfatizando que a fragmentação dos serviços de saúde fragiliza o atendimento ao idoso. O especialista também alertou para a importância da autonomia e da funcionalidade como elementos centrais da saúde: “Saúde é ser capaz de fazer aquilo que desejamos fazer. Perder essa capacidade não é algo normal da idade”.

Em seguida, o professor Alexandre Ernesto Silva, consultor técnico na Coordenação Geral da Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde, apresentou uma reflexão sobre o envelhecimento ativo e a importância do autocuidado ao longo da vida. “Nós estamos durando mais, e precisamos cuidar das nossas bases: saúde física, conhecimento, capital financeiro e, principalmente, rede de apoio. Viver mais é importante, mas viver bem é essencial”, afirmou. Silva ressaltou que a solidão e o isolamento social são desafios crescentes nas grandes cidades e defendeu o fortalecimento de vínculos comunitários como estratégia de promoção da longevidade.

Logo depois, a professora e pesquisadora Ana Karine Brum abordou o tema “Integralidade na Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Design Thinking”, destacando a necessidade de aproximar a teoria das políticas públicas da prática cotidiana. “Temos políticas bem estruturadas, mas a distância entre o papel e a execução ainda é grande. É preciso reconhecer as distintas realidades locais para que a integralidade se concretize de fato”, afirmou. Ela reforçou que o cuidado deve ir além do aspecto clínico, envolvendo escuta, articulação entre serviços e respeito à autonomia da pessoa idosa.

Por fim, Andrea Escovino, enfermeira com especialização em Geriatria e Gerontologia e técnica da Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa da SAPS/SES-RJ, apresentou o II Painel de Experiências Exitosas em Saúde da Pessoa Idosa. Os trabalhos premiados foram: Acompanhamento pós-alta 60+ (Itaguaí), Vigilância em Saúde Presente nas Práticas Educativas (Paty do Alferes) e Diagnóstico situacional da vulnerabilidade de idosos assistidos por instituições de longa permanência (Campos dos Goytacazes).

Por MPRJ