EIXO1-Ian da Silva Dias

Ian da Silva Dias

21 anos
Rio de Janeiro
12 de fevereiro de 1997
24 de junho de 2018

Ian da Silva Dias nasceu em Niterói, em 12 de fevereiro de 1997 e faleceu aos 21 anos. Era uma criança atípica, autista nível 1 de suporte, e demorou a começar a falar. Após terapias ocupacionais e sessões de fonoaudiologia, começou a falar aos quatro anos. Aos cinco, iniciou tratamento com neuropediatra, o que ajudou muito em sua alfabetização, concluída aos oito anos. Durante essa trajetória em serviços de saúde, foi diagnosticada uma escoliose, tratada com o uso de colete ortopédico até os 17 anos.

Ian era apaixonado por futebol, mas devido às suas limitações físicas, jogava com frequência videogame. Também gostava muito do grupo musical Imaginassamba, que marcou sua juventude. Apesar das dificuldades, era um jovem cheio de vida e expectativas, cuja trajetória foi interrompida de forma precoce.

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O crime

No dia 24 de junho de 2018, Ian, morador do Morro do Pimba, saiu de casa para comprar cheiro verde, a pedido de sua mãe. Nesse momento, policiais realizaram incursão na comunidade, vindo Ian a ser atingido por três disparos efetuados pela polícia.

As investigações, contudo, demonstraram que Ian não tinha qualquer envolvimento com o tráfico de drogas, bem como que os agentes responsáveis pela sua morte haviam alterado a cena do crime, inserindo uma arma de fogo e uma mochila com material entorpecente, simulando, assim, uma troca de tiros no local, com o intuito de justificar o homicídio cometido.

O caso foi levado ao Tribunal do Júri, em 2025, culminando na condenação de um agente policial. O processo, todavia, ainda não transitou em julgado.

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As consequências do crime - o que fica

A morte de Ian devastou sua família. Sua mãe relata que jamais poderia imaginar perder o filho da forma como aconteceu. O pai, aos 58 anos, precisou se aposentar por invalidez. Toda a família passou a ser acompanhada pelo mesmo médico que atendia Ian, em razão do sofrimento psíquico que todos desenvolveram após a tragédia.

A mãe destaca que a morte de Ian foi atravessada pelo racismo estrutural, lembrando que ele morreu por ser um jovem negro. Ela afirma sentir diariamente a dor e a revolta dessa perda, reforçando a necessidade de que o letramento racial seja acessível a todos. Após o episódio, a genitora buscou forças na luta antirracista e no conhecimento, apesar do luto eterno. Sete anos após a morte de Ian, a família ainda enfrenta enormes dificuldades em datas comemorativas, que se transformaram em momentos de profunda dor.