EIXO 1 - Josenildo Estanislaw dos Santos

Josenildo Estanislaw dos Santos

42 anos
Rio de Janeiro
07 de maio de 1966
02 de abril de 2009

Josenildo era lanterneiro e pintor, trabalhava em sua oficina mecânica, mas encontrava nas plantas e na horta comunitária do Morro da Coroa, em Santa Teresa, um dos maiores prazeres da vida.

Era extremamente prestativo e conhecido por sua alegria. Amava samba, festas e era lembrado por seu sorriso constante. Plantava, colhia e distribuía alimentos para os moradores da comunidade com naturalidade e generosidade.

Serviu ao Exército Brasileiro por quase nove anos, período no qual recebeu um diploma de honra ao mérito pelos serviços prestados. Também era doador frequente de sangue, com carteirinha, e fazia questão de doar a cada três meses - chegando a desenvolver uma amizade com a diretora do Hemorio.

Um dos grandes sonhos de Josenildo era trabalhar na Petrobras. Meses antes do crime, prestou concurso para a área de petróleo e gás, e foi aprovado. No entanto, a carta confirmando sua admissão chegou somente após sua morte, impedindo que soubesse da conquista.

No momento de sua morte, era solteiro e deixou sua mãe, Terezinha Maria Oliveira dos Santos, além dos irmãos Luciano e Sued.

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O crime

No dia 02 de abril de 2009, após encerrar o expediente na oficina, por volta de 16h30, Josenildo foi ajudar uma vizinha, Cirlene, com o portão de casa. Depois, saiu para comprar cigarros para outra moradora, na Birosca do Seu Luis.

Nesse momento, foi abordado por policiais, junto de outros homens. Todos foram levados até o alto do Morro da Coroa, onde se iniciou uma sequência alternada de disparos. Não houve confronto ou troca de tiros - foi uma execução.

Um dos policiais alegou que os abordados seriam traficantes. Outro chegou a afirmar que Josenildo era usuário de drogas - o que foi rechaçado pela diretora do Hemorio, que confirmou sua condição de doador frequente, sem qualquer registro de substâncias ilícitas no organismo.

Dos quatro policiais denunciados, um faleceu no curso do processo. Os outros três foram condenados a 90 anos de prisão cada, com sentença transitada em julgado. Houve, portanto, reconhecimento formal da responsabilidade estatal pela execução.

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As consequências do crime - o que fica

A violência do Estado ceifou não só a vida de Josenildo, mas também a estabilidade emocional de sua família.

Sua mãe, profundamente abalada com o crime, passou a enfrentar episódios depressivos e problemas de pressão que culminaram em seu falecimento, exatamente dois anos após a morte de Josenildo, em 01 de abril de 2011.

Sued, sua irmã, permanece em tratamento psicológico, vivendo um dia de cada vez. Luciano, seu irmão, encontrou força através da militância. Tornou-se membro ativo do Movimento de Mães e Familiares Vítimas da Letalidade e Desaparecidos Forçados, lutando ao lado de outras famílias por memória, verdade e justiça.

A família foi homenageada pelo Grupo Tortura Nunca Mais, em 01 de abril de 2011 - data que coincide com a morte de Terezinha, mãe de Josenildo - recebendo a Medalha Chico Mendes em reconhecimento à luta travada pela responsabilização dos culpados.

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A voz da Família