Stella Cristina Navega

Stella Cristina Navega
Stella nasceu em Niterói, em 21 de abril de 1978. Formou-se em Nutrição pela UERJ, com pós-graduação em Terapia Nutricional. Na época em que conheceu seu futuro agressor, trabalhava em Rio das Ostras e Macaé, na Secretaria de Bem-Estar Social, atuando em projetos sociais, campanhas de amamentação, suplementação para crianças desnutridas e orientação para famílias em situação de vulnerabilidade.
Inteligente e dedicada, Stella sempre esteve engajada em ações voltadas ao bem-estar coletivo. Aos finais de semana, faz questão de visitar familiares, mantendo laços fortes de afeto. Também gosta do convívio com amigos e tem o hábito de compartilhar seus aprendizados e conquistas.
O Crime
Stella conheceu seu agressor em um encontro aparentemente casual, quando ele a seguiu pela estrada entre Rio das Ostras e Iguaba Grande. A aproximação foi envolta em um comportamento sedutor: ele se mostrava solícito, educado e atencioso, fazendo questão de abrir a porta do carro e acompanhá-la em jantares sofisticados. Com o tempo, entretanto, os sinais de controle começaram a aparecer. Ele a afastava de familiares e amigos, e logo passou a administrar todas as suas finanças, inclusive utilizando seus cartões e contraindo empréstimos em seu nome.
Pouco tempo após iniciarem a convivência, Stella engravidou. Durante a gestação, descobriu que havia contraído o vírus HIV, informação que mais tarde foi associada ao comportamento do agressor, que mantinha outras relações e chegou a ser apontado como responsável por contaminar também outras mulheres. O ciclo de violência escalou, passando por agressões físicas, chantagens emocionais e violência patrimonial.
Entre 2012 e 2019, Stella tentou inúmeras vezes romper a relação, mas era constantemente coagida, inclusive através da filha, utilizada pelo agressor como instrumento de manipulação. Episódios de violência foram presenciados pela criança, que cresceu em ambiente marcado pelo medo e pela ameaça.
Em junho de 2019, o agressor chegou ao extremo de agredir Stella em casa, expulsá-la e manter a filha em cárcere, exigindo a entrega de provas que poderiam incriminá-lo. A polícia foi acionada e libertou a criança. A partir daí, medidas protetivas foram solicitadas e Stella finalmente conseguiu romper com o ciclo de violência. Ainda assim, diversas foram as ocasiões em que o agressor descumpriu as medidas impostas, perseguindo Stella e sua filha. E, apesar de todo o histórico, o ofensor ainda tentou buscar na Justiça o direito à guarda compartilhada, prolongando a angústia da família.
As consequências do crime - o que fica
Os anos de violência deixaram marcas profundas em Stella e em sua filha. O medo constante de ser atacada novamente, a perda da autonomia financeira e as consequências à sua saúde física e mental a levaram a um afastamento prolongado do trabalho. O INSS, reconhecendo a gravidade da situação, concedeu aposentadoria por invalidez. Ainda assim, Stella lutou para reconstruir sua vida. Durante a pandemia, encontrou apoio no Instituto Ser Ela, que lhe ofereceu acolhimento e suporte psicológico. Essa rede de apoio foi fundamental para que conseguisse retomar sua vida profissional e pessoal.
Hoje, Stella voltou a atuar como nutricionista no Hospital Federal de Bonsucesso. Apesar de carregar cicatrizes emocionais e financeiras, busca transformar sua dor em força. Sua filha tornou-se sua principal motivação e Stella passou a dedicar-se também ao apoio a outras mulheres vítimas de violência, acreditando que compartilhar sua história pode salvar vidas.