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PGJ analisa expansão do crime organizado em debate na FGV e cobra políticas de Estado com integração nacional
Publicado em Mon Oct 27 15:33:55 GMT 2025 - Atualizado em Mon Oct 27 15:33:52 GMT 2025

“O Brasil vive um ponto de inflexão. Ou o país abre os olhos e enfrenta o problema com uma política de Estado e não apenas de governo, ou estará completamente dominado pela criminalidade em pouco tempo.” A declaração foi feita pelo procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira, durante o evento “Diálogos sobre Segurança Pública 2025 – Segurança e foco: desafios e soluções para um futuro mais seguro”, na Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta segunda-feira (27/10), em Botafogo.

O evento promovido pelo Canal Amado Mundo foi aberto pelo editor Guilherme Amado; pelo diretor de Segurança Pública e Corporativa da FGV, Marcio Colmerauer; e pela presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), Marcela Ortiz.

O chefe do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) foi um dos destaques do painel de abertura, que discutiu “A segurança e o combate ao tráfico de drogas, armas e às milícias”, no qual defendeu a necessidade de mudanças estruturais no enfrentamento ao crime organizado.

O PGJ fez uma retrospectiva sobre a expansão da criminalidade alertando para a atuação transnacional dessas organizações atualmente. “São Paulo demorou a reconhecer a existência do PCC. No Rio de Janeiro, o Comando Vermelho sempre foi tratado como uma facção ‘pé de chinelo’. Hoje, ambas atuam não apenas em território nacional, mas também em outros países, como Estados Unidos e Europa”, afirmou.

Antonio José destacou a infiltração econômica e institucional dessas organizações, que movimentam bilhões de reais por meio da lavagem de dinheiro e do controle de setores estratégicos, como combustíveis e serviços digitais. Segundo ele, a ausência de uma política nacional consistente e a fragilidade da legislação penal brasileira agravam o quadro.

“As armas que chegam ao Rio vêm, em grande parte, das fronteiras. Hoje, estima-se que um quarto do território fluminense estejam dominadas. São áreas em que o Estado só entra com operações de guerra. Essas facções movimentam cerca de R$ 340 bilhões, recursos que são lavados e inseridos na economia formal. Isso desequilibra o mercado, pois essas organizações eliminam a ocorrência e a inadimplência e passam a dominar setores inteiros. No Rio, talvez não haja um único cidadão que não consuma, direta ou indiretamente, bens e serviços controlados pelo crime organizado. Essa é a nossa realidade”, pontuou o procurador-geral de Justiça, ao exemplificar o caso das operadoras ilegais de internet.

Como parte das soluções, Antonio José ressaltou a importância da atuação integrada entre as instituições de Justiça e segurança e o aperfeiçoamento das políticas públicas voltadas à prevenção e à repressão qualificada. “Para que haja avanços concretos, é essencial a integração entre União, estados e municípios. No Rio de Janeiro, vivemos um ambiente favorável ao diálogo. As polícias têm quadros qualificados, e há disposição para cooperação institucional. O MP tem procurado dialogar com a Secretaria de Segurança, o Governo do Estado e demais órgãos, sempre respeitando seu espaço constitucional”, destacou.

O painel foi mediado pela jornalista Vera Araújo e contou ainda com o secretário de Segurança Pública do Estado, Victor Santos; o coordenador de Repressão a Crimes Violentos da Polícia Federal, delegado Renato Beni; e a diretora de projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi.

O evento reuniu, ao longo do dia, outros especialistas e autoridades das áreas de segurança, tecnologia e Justiça. Os debates da tarde abordaram o uso de tecnologias no rastreamento de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, a integração das forças de segurança e a atuação coordenada dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na construção de políticas públicas de longo prazo.

Por MPRJ

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