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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


                                                  PREFÁCIO 2



                   Quando recebi o honroso convite para a escrita de apresentação desta obra, enfrentávamos
            extensos meses da pandemia de Covid no ano de 2020, com mais de 150 mil vidas perdidas, no
            Brasil, em um contexto pouco favorável à saúde. Para adensar algumas palavras às escritas de
            colegas que vêm produzindo valiosas análises e contribuições para o campo dos direitos e das
            políticas para as infâncias e juventudes no Rio de Janeiro, compreendi esse convite como um
            gesto de aproximação ao qual retribuo com agradecimento. Construir pontes e perceber zonas
            de vizinhanças a serem partilhadas nesses tempos de acentuada precariedade e distanciamento
            social é uma aposta na produção de mundos em comum, entre movimentos e pausas, que possam
            gestar outros mundos e formas de estar-junto.

                   Conheço a Equipe Técnica do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da
            Infância e da Juventude (CAO Infância) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ),
            composta por treze profissionais, entre psicólogas/os, assistentes sociais e pedagogas – todas(os)
            autoras(es) e co-autoras(os) dos textos que compõem este livro. Uma obra conjunta que efetua
            exercícios de interlocução, análise das práticas e escrita, que se atualiza e se inscreve nas produções
            acerca da infância e adolescência com muita relevância para todas e todos que atuam nesse campo
            e/ou que pretendem conhecer e nele atuar. Tive oportunidades de estar em diálogos anteriores
            com essa valiosa equipe autora da obra, participando de momentos de discussões, inquietações
            e afirmação de compromissos ético-políticos com o social e a com as infâncias. Tenho admiração
            pelo  fazer  coletivo  desse  grupo  de  profissionais  atentas(os)  às  desigualdades  estruturais  que
            marcam a população deste país e que ainda atravessam os vínculos com as novas gerações.

                   Movida por essa percepção sensível, o desejo de cooperação com as/os colegas do CAO
            Infância se tornou uma realidade de práticas, por meio de encontros para discutir encomendas
            que o cotidiano de trabalho lhes apresenta, muitas vezes, requerendo delicadas análises do que
            pode se tornar uma demanda no âmbito do trabalho de assessoramento técnico no Ministério
            Público Estadual. Atuação contextualizada à luz das conquistas pela cidadania, promulgadas na
            carta  constitucional  de  1988,  que  assegurou  ao  Ministério  Público  a  fiscalização  e  o  fomento  de
            políticas  públicas,  com  independência  funcional  e  administrativa.  Para  tanto,  as(os)  profissionais
            devem se posicionar na defesa dos preceitos constitucionais, pela defesa do regime democrático,
            dos interesses sociais e individuais ameaçados ou negados. Soma-se a isso o destaque para a
            atuação em relação aos direitos de crianças e adolescentes, o que vem constituindo um campo de
            afirmação também dos direitos humanos e da proteção integral a partir do Estatuto da Criança e do
            Adolescente (ECA, 1990). O engendramento de um horizonte de direitos e reconhecimentos abriu
            espaço, inclusive, para atuações profissionais e intervenções que não estavam dadas anteriormente.
            Esse aspecto caracteriza em grande parte os fazeres da equipe interprofissional do CAO Infância
            no MPRJ, instituindo modos de trabalhar na interface entre o social e o jurídico, atravessado pelas
            políticas públicas. E apresenta a abertura à discussão acerca de que fazer é esse, alinhado a que
            concepções de sociedade, considerando possibilidades, desafios, limitações, disputas e conquistas.

                   Do lugar onde me encontro, na Universidade Pública, pensamos como poderiam se dar alguns
            espaços-tempos dedicados pela atual equipe à formação ética, técnica e politicamente qualificada
            que, no entre elas e eles, juntos têm buscado criar como referência para suas experiências. Neste ano
            de difíceis exercícios em nossas realidades e de trabalho, estivemos juntos pelo menos duas vezes: uma
            delas, pouco antes da pandemia, em diálogos sobre deficiência, mediação e educação inclusiva; e outra,
            no meio dessa travessia. Foi quando, em continuidade aos diálogos iniciados por ocasião do I Encontro
            Nacional de Psicólogos do Ministério Público, sediado pelo Ministério Público da Bahia, em outubro de


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