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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


            de Janeiro. Dessa atuação, tem resultado a escrita de documentos técnicos que evidenciam entraves
            graves e a violação de direitos humanos, expressos pela tônica correcional e repressiva em detrimento
            do caráter sócio pedagógico que permeia as diretrizes nacionais da socioeducação. Outra entrada
            para a problematização das políticas públicas é pensar o direito à saúde no contexto de unidades
            socioeducativas e de unidades de acolhimento. A partir da atuação da equipe de Psicologia, evidenciou-
            se a necessidade de um olhar para a saúde mental de crianças e adolescentes nessas instituições,
            especialmente no cenário da pandemia de Covid-19. Nesse sentido, a leitura pode aproximar a discussão
            acerca do Plano Individual de Atendimento (PIA) como importante instrumento de planejamento,
            desenvolvimento e execução das medidas socioeducativas. E destacar o respeito à singularidade
            de cada adolescente, considerando sua família, aspectos subjetivos, potenciais, condições e limites
            enfrentados naquele momento, que merecem ser avaliados e reavaliados. Com um plano, é possível
            pensar um projeto, com o protagonismo das(os) jovens na produção de sentidos. Já no âmbito das
            medidas socioeducativas em meio aberto, a ação é pensada para além da responsabilização do ato
            infracional, como forma de garantir acesso a direitos, muitas vezes negligenciados, em articulação com
            as demais políticas e os atendimentos que compõem a rede de proteção. Por isso, também se destaca
            a dimensão de avaliação das políticas públicas para o público infanto-juvenil, que o assessoramento
            oferecido pelas equipes técnicas pode contribuir para aprimorar.

                   Na ampliação da análise sobre as políticas públicas vigentes no que diz respeito aos direitos
            de crianças e adolescentes no futebol de alto rendimento, encontra-se o monitoramento dos
            processos de implementação e execução, além da avaliação das condições de funcionamento
            nos locais de atividades, principalmente centros de treinamento de clubes, associações e demais
            entidades que desenvolvem categorias de base, escolinhas e oficinas de futebol. Dessas atividades
            resultaram relatórios técnicos, considerando os programas de ações de medidas socioeducativas
            em meio aberto, ofertados por alguns clubes, e o tensionamento para garantir a proteção integral
            de crianças e adolescentes.

                   A  atuação  junto  às  reuniões  do  Fórum  “Maternidade,  Drogas  e  Convivência  Familiar  e
            Comunitária”, é uma inserção propositiva absolutamente necessária para deslocar o rumo das
            opressões que atingem as mulheres em dimensões de suas vidas que se encontram interseccionadas:
            raça, gênero, pobreza, moradia na rua, uso problemático de drogas e experiência de gravidez e
            maternidade. Na dimensão de fomento das políticas públicas, especialmente da Política Nacional
            de  Assistência  Social,  a  discussão  adverte  para  a  escassa  ou  inexistente  opção  de  acolhimento
            institucional familiar e a necessidade de ampliar o olhar para os pais envolvidos. Diante disso, o
            Ministério Público torna-se parte importante de uma rede intersetorial de indução de políticas
            sociais para todas e qualquer uma. Também nessa direção, desde um diálogo interdisciplinar e
            que lança percepções atentas a bebês e suas mães, é possível conhecer a intervenção que se dá
            no cárcere, em uma unidade materno-infantil, para mulheres (gestantes e puérperas) privadas de
            liberdade. O percurso histórico da instituição, bem como mudanças propostas pelas sugestões
            técnicas desde 2002, oferecem uma perspectiva crítica e que zela pelos cuidados com a primeira
            infância, para além da dimensão da segurança prisional. Observa a formação de profissionais que
            atuam na unidade em consonância com a intersetorialidade das políticas públicas.

                   Questões  pouco  debatidas  ainda,  como  a  relação  entre  direitos  humanos  de  crianças  e
            adolescentes, políticas públicas e orçamento público, também têm lugar na obra em tela. Com
            efeito, destaca-se a necessidade de ampliar investimentos efetivos em políticas básicas que
            podem beneficiar a vida de crianças e adolescentes e de suas famílias. Ainda, sobre a crescente
            jurisdicionalização dos conselhos tutelares, é interessante acompanhar o diálogo, não sem conflitos,
            dentro do Sistema de Garantia de Direitos, com possibilidades de reinvenção de atribuições,



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