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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes
em geral 01 (uma) visita anual à família, podendo chegar a 03 (três) em casos específicos. Este
agendamento depende do calendário desportivo, não sendo vedado o deslocamento em casos
de necessidades específicas, porém sob o custeio das respectivas famílias. Na escolinha de futebol
A que hospedava meninos da região norte do país, a visitação seria realizada apenas ao final do
calendário anual, sob as expensas das famílias, que auxiliavam ainda na aquisição de gêneros
alimentícios, situação não encontrada nos clubes.
Outra forma de se promover a convivência familiar, se daria por comunicação através da
disponibilidade de rede Wi-Fi, embora houvesse precariedade na oferta de equipamentos de mídia de
forma igual para todos os adolescentes em alguns clubes. Registra-se que há fragilidade na descrição
do planejamento e metodologia dessas ações nos planos de trabalho apresentados. Sendo assim, tais
recursos se tornam ainda incipientes para que seja assegurada razoabilidade para a convivência familiar
quando esta é fragilizada em função do afastamento causado pelo deslocamento do adolescente para
outros municípios ou estados. Tais obstáculos à convivência familiar são potencializados nos casos dos
adolescentes que se submetem a uma sequência de peneiras/testes, em diferentes clubes, numa
jornada que pode durar de semanas a meses, o que impacta também na inserção escolar.
No que se refere à convivência comunitária, as ações desenvolvidas se resumem à inserção
dos adolescentes residentes nas atividades escolares junto à rede educacional de cada território.
Este cenário requer atenção no clube de futebol D, tendo em vista ser a unidade escolar localizada no
interior do clube, fato somente atenuado por esta unidade atender outras crianças e adolescentes
de outras modalidades esportivas e não residentes no clube.
Ainda que mencionada como pretensão dos clubes, não há consolidação de calendários para
a realização de atividades externas, de lazer e cultura, sendo constatada fragilidade ou ausência de
destinação de recursos financeiros para execução dessas ações, sendo também flagrante ausência de
articulação para a oferta de ações integradas as disponíveis na rede de apoio dos territórios do clube.
d) Organização de informações, documentações, autorizações e concessão de benefícios
Foram observadas fragilidades importantes na forma de organização e sistematização das
informações individualizadas de crianças e adolescentes, sobretudo no que trata dos que participam
do processo inicial de peneira/teste, tendo em vista muitas vezes a ausência de informações sobre
o quantitativo de meninos e meninas participantes, sobre a procedência destes e a escolarização,
por exemplo. A elaboração de planos de atendimentos individualizados no curso do tempo em
que o adolescente permanece no clube mostra-se enquanto processo de trabalho que pouco
avança ao registro protocolar sobre documentação básica, jurídica, escolar e de saúde, de forma
que assegure peculiaridades afetas às demandas de cada um, dentre as quais as que remetem ao
projeto de vida paralelo ao futebol e ao acompanhamento referente às necessidades da família.
Nos clubes que trabalham com a residência dos adolescentes houve avanço no controle de
informações sobre a documentação básica, de saúde e escolarização. Porém em relação aos termos
de procuração e autorização de saídas dos adolescentes identifica-se fragilidade nos protocolos
instituídos por não assegurarem, na relação entre adolescentes e representantes legais, a existência
de vínculo, que avance a legalidade necessária para permitir a residência no clube. Observa-se mais
recentemente, que mesmo os clubes que não oferecem residência, além da documentação básica,
já são exigidos com mais frequência exames de saúde para atividades físicas de alto rendimento.
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