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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


            PIA possa transparecer toda essa variedade de detalhes, própria de cada adolescente, de modo a
            acompanhar regularmente as mudanças decorrentes do trabalho de socioeducação realizado.

                   No entanto, os PIA’s então observados parecem transparecer mais uma fotografia do que
            propriamente imagens em movimento de todo este contexto, deixando de oferecer, justamente,
            uma compreensão processual do trabalho desenvolvido junto aos adolescentes, bem como
            do próprio desempenho dos mesmos durante o período de cumprimento da MSE. Do mesmo
            modo, registros pontuais nos PIA’s podem fazer com que a dinamicidade do cumprimento da
            MSE não seja efetivamente comunicada aos demais atores, como, por exemplo, os membros
            do Ministério Público ou outros técnicos de unidades para as quais o (a) adolescente venha a
            transitar  posteriormente.  Além  disso,  esta  ausência  pode  também  trazer  prejuízos  na  própria
            compreensão e adesão, por parte do (a) adolescente, de seu processo socioeducativo.

                   Evidentemente, conforme abordado anteriormente, o PIA é, concretamente, o
            planejamento elaborado e efetivado continuamente junto ao (à) adolescente e sua família,
            sendo importante que tal documento traduza o caminho percorrido no cumprimento da MSE,
            apontando os sucessos e fracassos em tal empreitada. Deixar de oferecer, justamente, aspectos
            essenciais referentes ao desenvolvimento do (a) adolescente, pode trazer dificuldades para este
            (a)  e  sua  família,  bem  como  para  toda  a  comunidade  socioeducativa.  Tal  como  preconizado
            pela Resolução do SINASE, “A evolução ou crescimento pessoal e social do adolescente deve
            ser acompanhado diuturnamente, no intuito de fazê-lo compreender onde está e aonde quer
            chegar e seu registro deve se dar no PIA” (CONANDA, 2006, pág. 52).





                    3.2 AMPLITUDE E ARTICULAÇÃO




                   Com relação à extensão e alcance dos planejamentos, em geral suas metas e procedimentos
            aparentam não se estender além de impressões iniciais. Neste sentido, a carência de maiores
            informações pode fazer com que o alcance objetivado com a elaboração do PIA não se estenda,
            padecendo em informações pontuais que parecem não ser profundamente desenvolvidas. Em
            alguns casos parece haver, ainda, uma desconexão entre o problema identificado, a intervenção
            necessária e a meta a ser alcançada, caracterizando alguns planejamentos por uma ausência
            de ligação entre tais etapas. Mesmo nos casos em que se identifica, dentro dos processos então
            observados, a presença de mais de um PIA, referentes a períodos distintos, é possível notar a
            ausência de continuidade entre eles.

                   Da mesma forma, a falta de uma continuidade natural nos PIA’s aparece, inclusive, em situações
            variadas, como quando se tem o mesmo profissional atendendo ao caso e, igualmente, quando se
            tem diferentes técnicos da mesma categoria profissional atuando. Além disso, os PIA’s observados
            também parecem não transmitir a importante atuação complementar entre as diferentes áreas do
            conhecimento no atendimento integral aos adolescentes (cf. CONANDA, 2006, pág. 53).

                   Outrossim, os PIA’s também transparecem dificuldades no que tange à participação das
            famílias no processo socioeducativo. Igualmente, nota-se a ausência da inclusão de demais atores
            do sistema socioeducativo na elaboração dos planejamentos, como, por exemplo, agentes de
            segurança socioeducativos, professores ou outro profissional de referência. Deve-se registrar, ainda,
            a carência de informações relativas à descrição do trabalho realizado junto à rede de proteção, em
            especial os equipamentos de saúde.

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