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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


                   No que tange à organização e ao funcionamento dos programas, o cenário encontrado expôs
            uma dinamicidade do atendimento com a participação de crianças e adolescentes em grupos  e
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            quantitativo máximo estipulado para a composição deles. Foi possível constatar que as instituições
            definem a formação dos grupos por ciclos de vida, mas desconsiderando por vezes os parâmetros
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            estabelecidos na Matriz Padronizada das Ações da política municipal deliberada pelo CMDCA-Rio,
            que define os grupos etários a partir do perfil e número máximo de atendimentos por grupo.


                   A  identificação  deste  entrave  na  definição  do  atendimento,  conforme  o  parâmetro
            etário  previsto,  não  inviabiliza  concluir  que  os  grupos  etários  compreendidos  entre  04  (quatro)
            a 17 (dezessete) anos estão sendo contemplados na oferta de atividades previstas pela Política
            Municipal. As entidades visitadas encontravam-se atendendo um universo de 734 (setecentos e
            trinta e quatro) crianças e adolescentes, embora não tenha sido possível estabelecer parâmetros
            por faixa etária, tendo em vista a formação de grupos por recortes etários diversos.

                   Complementarmente observou-se que 28% dos 29 (vinte e nove) grupos encontrados estavam
            com quantitativo superior ao preconizado para cada recorte etário, que é de 15 (quinze) usuários.
            Observou-se ainda que os usuários de 02 (duas) entidades participavam ainda de outros 03 (três)
            grupos de SCFV com execução direta pelo CRAS do território de atuação, o que assegurava melhores
            condições para o referenciamento socioassistencial e o acompanhamento técnico às famílias.

                   Com base nas visitas e na consulta  aos dados do CMDCA dos serviços com registro para
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            programas de ASEMA, observa-se a fragilidade de cobertura para a faixa etária de 0 (zero) a 6
            (seis) anos, atendimento este majoritariamente executado em entidades que ofertam serviços de
            reabilitação, acolhimento institucional e apoio sociofamiliar para o público atendido, a partir de
            04 (quatro) anos. Insta salientar, que das entidades visitadas, apenas 10% absorvem a faixa de 4
            (quatro) a 6 (seis) atendendo a uma pequena parcela da faixa etária que abarca a Primeira Infância .
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                   O agrupamento das atividades por eixos de ações, conforme categorias previstas na Política
            Municipal, evidenciou que as atividades de cunho esportivo (100%), recreativo (90%), cultural (90%)
            e artísticas (70%) eram executadas pela maior fração de entidades, enquanto que as atividades em
            grupos educativos/reflexivos (50%), de reforço escolar (20%) e de cursos formativos (10%) se mostraram
            com menor oferta. Cabe pontuar que todas as instituições visitadas ofertam atividades diárias em
            sua organização, em complementariedade ao turno escolar, o que as tornam importantes atores na
            rede de apoio a infância e juventude para a prevenção de situações de ameaça e violações de direitos,
            superando inclusive a previsibilidade da política deliberada pelo CMDCA, que define o mínimo de 03
            (três) dias por semana e a carga horária mínima por turno de 03 (três) horas/dia.

                   Os atendimentos técnicos direcionados às famílias e usuários estariam resumidos às
            orientações e encaminhamentos para os equipamentos socioassistenciais, com maior prevalência
            nas requisições de acesso aos benefícios de transferência de renda. As abordagens técnicas, em
            geral, seriam realizadas conforme a identificação das demandas, apresentadas espontaneamente
            pelos usuários ou através dos educadores sociais, sendo observada a prevalência dos atendimentos
            individuais  em  relação  às  abordagens  grupais.  As  visitas  domiciliares,  realizada  com  maior
            frequência por 30% das entidades, de modo a garantir atenção integral às crianças, adolescentes e


            14       Vide tabela Anexo II.
            15       Faixa etária: a) 04 a 06 anos; b) 07 a 11 anos; c) 12 a 14 anos; e e) 15 a 17 anos: Número máximo de atendimentos por grupo: a) 04 a 06 anos:
            máximo 25 (vinte cinco) participantes; b) 07 a 11 anos: máximo 25 (vinte cinco) participantes; c) 12 a 15 anos: máximo 25 (vinte cinco) participantes;
            d) 15 a 17 anos: máximo 15 (quinze) participantes. (Ver detalhamento na Matriz Padronizada das Ações. Del. CMDCA nº 1.245/2017).

            16      https://cmdcario.com.br/entidades.php
            17       A Lei 13.257 de 8 de março de 2017, dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância que segundo no Art. 2º considera a “primeira
            infância o período que abrange os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da criança”.


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