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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


                   As diferentes realidades dos usuários  em situação de vulnerabilidades  e riscos sociais
            merecem tratamentos diferenciados, que perpassam pela necessidade do diagnóstico
            socioterritorial . A PNAS ajusta a responsabilidade do Estado nesse atendimento, tendo por objetivo
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            “prover serviços, programas, projetos e benefícios de PSB e, ou, PSE para famílias, indivíduos e
            grupos que deles necessitarem” (PNAS/2004).


                   Com os CRAS e CREAS em funcionamento houve um  avanço  na oferta de  serviços
            socioassistenciais e na forma de aumentar a Assistência Social, afiançando a matricialidade sociofamiliar
            enquanto estrutura do trabalho social. Atuar de forma preventiva é uma das condições da PSB, pois
            auxilia na não violação de direitos, violência e pobreza. Para tanto, o CRAS precisa conhecer o seu
            território e empregar práticas que permitam conhecer o cotidiano das famílias e indivíduos.

                   O SCFV pode ser executado de forma direta pelos CRAS no seu espaço institucional ou
            nos espaços de outras unidades públicas e privadas, que se constituem enquanto Centros de
            Convivência. Foram visitados 12 (doze) CRAS, que correspondem a 26% do total, que realizam as
            atividades dos grupos do SCFV em ambientes externos, num total de 157 (cento e cinquenta e
            sete) grupos, sendo 44 (quarenta e quatro) em instituições públicas e 113 (cento e treze) em outras
            instituições dos respectivos territórios de atuação.

                   A realidade do município do Rio de Janeiro infere que os equipamentos da PSB não
            reconhecem a existência de SCFV executados indiretamente por entidades privadas da sociedade
            civil, sendo verificado que em sua totalidade, os grupos são executados diretamente pelos CRAS
            em seus espaços internos ou em Centros de Convivências estabelecidos em instituições públicas
            ou privadas do respectivo território de atuação.

                   Os encontros dos grupos de SCFV são realizados 02 (duas) vezes na semana com duração
            de 2 ou 3h, interna ou externamente em seus espaços. Quanto à oferta de atividades, identificamos
            uma diversidade de práticas que se materializam com a promoção de ações na área artística,
            esportiva,  grupos  educativos/reflexivos,  culturais,  passeios  e  lazer,  atividades  recreativas  entre
            outros, que atendem ao cronograma anual elaborado no âmbito da gestão municipal. Contudo,
            observou-se óbice na oferta e encaminhamentos referentes a cursos que tenham por objetivo
            o empoderamento e a emancipação do adolescente e o enfrentamento à exclusão social e ao
            desemprego nas famílias.


                   As equipes de referência do SCFV nos CRAS, encontram-se compostas por psicólogos e
            pedagogos contratados, sendo estes responsáveis pelo planejamento e organização das atividades
            e orientação da atuação dos educadores. O acompanhamento às famílias é realizado através da
            articulação com a equipe de assistentes sociais do PAIF.

                   Cabe  ressaltar,  no  que concerne à  equipe  técnica  e educadores  sociais,  as informações
            obtidas  confirmam  problemas  na  composição  das  equipes  de  referência  do  SCFV,  em  face  da
            falta ou escassez de profissionais de nível médio. Nos visitados identificamos um total de 31 (trinta
            e um) educadores, para atender toda a demanda do SCFV.   Ainda com base nos dados tratados
            verificamos  que  os  educadores  sociais  realizam  atribuições  para  além  das  determinadas  no
            Caderno de Orientações do SCFV, havendo precarização e flexibilização do direito do trabalho.

                   No que corresponde à estrutura básica dos CRAS, o cenário encontrado apresenta diversos
            entraves desde o sucateamento das unidades até problemas de dimensão física, manutenção
            (redes elétrica, hidráulica,  etc), assim como, a inadequação de  acessibilidade, insalubridade e
            23      BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDSCF). Secretaria Nacional de Assistência Social. Caderno de Orienta-
            ções Técnicas da Vigilância Socioassistencial (COTVS), 2012.


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