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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


                   Não é preciso sinalizar que, diante da escassez de alternativas de proteção social propugnada na
            agenda neoliberal executada nos três níveis de governo, e da dinâmica de arrefecimento da “questão
            social” por meio dos programas de transferência de renda implementada no país há mais de quinze
            anos a retração desta política logrará impactos ainda mais assoladores.

                   Ao se considerar que o público infanto-juvenil é destinatário de muitos programas, benefícios
            e serviços desta política, especialmente em cenários em que se objetiva a prevenção e a reversão de
            situações de risco, é possível constatar que a garantia de direitos humanos será uma peça de ficção
            caso as reduções orçamentárias supraindicadas se confirmem ao longo dos próximos anos.

                   Neste contexto, é importante destacar que um estudo técnico realizado no âmbito do Ministério
            Público do Estado do Rio de Janeiro sinalizou que os orçamentos estadual (2016-2019) e municipal
            (2018-2021) apresentavam severos problemas no que se refere às ações voltadas para garantir os
            direitos humanos de crianças e adolescentes: falta de indicadores de efetividade no Plano Plurianual
            (PPA);  ausência  de  indicadores  e  metas  anuais  relacionadas  aos  objetivos,  indefinição  quanto  aos
            responsáveis orçamentários pelas despesas previstas, ausência de associação entre custos incorridos
            por unidade de medida dos produtos e o resultado das políticas, dentre outros.

                   Ao mesmo tempo, mostrou que o grau de exequibilidade das ações nos dois níveis de governo
            se mostrou insuficiente (de 0 até 49% de execução) em 60,17% dos produtos planejados, e suficiente
            (de 75 a 100% de execução) em apenas 12,68% dos produtos planejados, o que mostra que mais da
            metade dos produtos planejados para efetivar os direitos humanos de crianças e adolescentes sequer
            chegaram a ser entregues, conforme se observa na tabela a seguir:





                      Grau de
                   Exequibilidade               Desempenho                Produtos Planejados         %

                        0%                                                        182

                   Entre 1% e 24%                Insuficiente                      14               60,17%

                  Entre 25% e 49%                                                  8

                  Entre 50% e 74%                  Regular                        20                5,90%

                  Entre 75% e 100%                Suficiente                      43                12,68%

                   Acima de 100%                  Expressivo                      30                8,85%

                                        Impossível opinar, em razão da
                    Sem registro                                                  42                12,38%
                                              ausência de dados
                                       Total                                      339                100%


                                                        Fonte: VEIGA et alii, 2019.

                    O quadro identificado no estudo, delineado após a aprovação da EC N.º 95, só reafirma a
            necessidade de especial atenção no que se refere à pauta orçamentária e sua relação com a efetiva
            garantia dos direitos humanos do público infanto-juvenil, o que exora a construção de uma agenda
            ministerial, na qual as equipes de assessoramento técnico formadas por assistentes sociais, pedagogos,
            psicólogos e outros profissionais que possuem competências para atuação no âmbito do planejamento,
            execução, monitoramento e avaliação de políticas públicas no MPRJ têm papel fundamental.

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