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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


                   Assim como observado ao longo das vistorias semestrais aos serviços de acolhimento, é possível
            constatar  que  os  equipamentos  de  Saúde  Mental  têm  minimamente  absorvido  os  casos  que  se
            enquadram em transtorno mental e uso prejudicial de drogas. Dentre os motivos apresentados para
            atendimento especializado, do total de 78 (setenta e oito) crianças e adolescentes, 20,5% dos casos,
            ou seja, 16 (dezesseis) situações se referiam ao uso prejudicial de substâncias psicoativas, igualmente
            desconsiderando os casos não informados durante a coleta dos dados. As demais situações sugerem a
            ocorrência de transtorno mental e/ou situações psíquicas que requerem maiores cuidados específicos
            em equipamentos de saúde mental.

                   Também é possível identificar que os casos que as equipes técnicas dos serviços de acolhimento
            avaliam necessidade de atendimento em Psicoterapia somam 77% do total dos serviços vistoriados. No
            que tange ao total de 302 (trezentos e duas) crianças e adolescentes que necessitam de algum tipo de
            cuidado em saúde, 43% apresentam demanda específica de atendimento em Psicoterapia, inclusive.
            Isto significa, também, que a necessidade de atendimento em Psicoterapia – ou seja, os casos que não
            se enquadram nas situações de transtorno mental e uso de drogas, conforme a RAPS – se apresenta
            cerca de 65% maior do que a necessidade de atendimento em Saúde Mental.


                   Do total de 130 (cento e trinta) crianças e adolescentes com necessidade de atendimento em
            psicoterapia, 91 (noventa e um) casos, ou seja 70% das situações estavam em atendimento e os demais
            30% não estavam em atendimento devido a falta de profissionais na rede pública, principalmente.
            Contudo, cabe destacar que, do total de crianças e adolescentes atendidos (91 situações), 65% estavam
            inseridas na rede pública de atendimento e 35% tinham atendimentos ofertados por profissionais
            particulares subsidiados por meio de programa de apadrinhamento (47%), por profissionais voluntários
            nos  serviços  de  acolhimento  (25%),  por  Organizações  da  Sociedade  Civil  (22%)  e  por  Serviços  de
            Psicologia Aplicada de Universidades particular e federal (6%).

                   Diante do exposto, cabe sinalizar que as situações em que as equipes dos serviços de acolhimento
            avaliam que se enquadram como “sofrimento” de acordo com a Rede de Atenção Psicossocial, bem
            como  a  própria  oferta  de  atendimentos  em  locais  que  fragilizam  a  continuidade  do  atendimento
            prestado, ainda se mostram um desafio a ser superado, conforme a equipe de Psicologia do CAO Infância
            e Juventude tem apontado ao longo das vistorias semestrais junto aos serviços de acolhimento.

                   Para mais, no que se refere aos dados coletados relativos às necessidades de atendimento clínico
            ambulatorial, apontados pelos profissionais dos serviços de acolhimento, foi possível mapear as principais
            especialidades médicas demandadas pelos serviços de acolhimento (neurologia – 52 casos; pediatria –
            42 casos; fonoaudiologia – 25 casos; clínica geral – 23 casos e fisioterapia – 14 casos), além de demandas
            especificas por outras especialidades.

                   Em geral, houve sinalizações dos profissionais dos serviços de acolhimento quanto a não absorção
            da rede de saúde para algumas demandas. Portanto, foi identificada a não inserção no atendimento
            devido ao aguardo de vaga pelo Sistema de Regulamentação (SISREG) das seguintes especialidades:
            Neurologia (06 casos), Oftalmologia (02 casos), Fonoaudiologia (02 casos), Urologia (01 caso), Clínica Geral
            (01 caso), Alergologia (01 caso), Fisioterapia (01 caso), Ginecologia (01 caso) e Otorrinolaringologia (01 caso
            de um ano na fila do SISREG).


                   Ademais, no que tange à articulação com os serviços já referenciados da criança / adolescente
            acolhido, é importante que, no momento do diagnóstico e estudo da situação, o serviço busque identificar
            serviços e profissionais com vínculos estabelecidos ou iniciados a fim de propiciar a continuidade do
            contato / atendimento, evitando os efeitos iatrogênicos do rompimento do convívio comunitário de
            referência para a criança ou adolescente acolhido. Por outro lado, torna-se um desafio para os profissionais



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