Page 71 - Experiências de atuação Pedagogia Psicologia Serviço Social
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Experiências de atuação da Pedagogia, da Psicologia e do Serviço Social
            na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes


            à unidade socioeducativa, bem como a construção do PTS e as articulações necessárias no território
            junto a Atenção à Saúde (SMS, 2018, p.63). Contudo, considerando o grande número de adolescentes
            que cumprem medida em unidades distantes de seu território de origem, há, além dos entraves para
            o deslocamento dos (as) adolescentes até às unidades de saúde, interferência também na locomoção
            dos profissionais do equipamento de saúde mental do território de origem do (a) adolescente até às
            unidades socioeducativas.


                   Em relação aos casos dos (as) adolescentes com sofrimento psíquico, o Plano Operativo (SMS,
            2018), cita a necessidade de um “trabalho conjunto para o manejo do sofrimento psíquico advindo ou
            agravado pela situação de privação de liberdade e/ou conflito com a Lei” (SMS, 2018, p.62). Apesar do
            entendimento de que os casos de sofrimento psíquico merecem atenção por parte dos profissionais
            do  DEGASE,  ainda  não  é  possível  observar  um  fluxo  nesta  direção,  considerando  que,  apesar  dos
            núcleos de saúde mental e das equipes técnicas das unidades socioeducativas, com seus respectivos
            trabalhos, contribuírem para dirimir este sofrimento, estas ações não substituem um acompanhamento
            psicológico ambulatorial.

                   Outro aspecto que merece atenção em relação aos cuidados de saúde e saúde mental é o
            enfoque na avaliação da condição do (a) adolescente de cumprir medida nas unidades do DEGASE,
            sendo necessário o planejamento de um acompanhamento que garanta sua integridade física e mental.

                   Também,  entre  os  principais  entraves  destacados  pelos  profissionais  para  a  qualidade  das
            avaliações dos casos de saúde / saúde mental está a transmissão de informações por parte dos
            equipamentos de saúde sobre os procedimentos médicos e acompanhamento anteriormente realizado
            junto ao (à) adolescente, por meio de documentação. Deste modo, assim como a dificuldade da inclusão
            dos (das) socioeducandos (as) nos cuidados em saúde, a ausência de documentação, igualmente, se
            torna um desafio a ser superado, no intuito de se evitar os efeitos iatrogênicos.

                   Cabe destacar que, durante as vistorias, um significativo número de profissionais que compõem
            as equipes de saúde e saúde mental do DEGASE demonstraram que desconheciam o Plano Operativo
            e os fluxos estabelecidos entre a CSIRS/DEGASE e as Secretarias Municipal e Estadual do Rio de Janeiro,
            e, como efeito, foi possível observar fluxos e encaminhamentos díspares para os casos com demanda de
            saúde entre as unidades socioeducativas.

                   Sendo  assim,  foi  possível  observar  que  outro  óbice  identificado  consiste  na  fragilidade  das
            estratégias da CSIRS/DEGASE em captar as demandas das unidades e comunicar as pactuações
            celebradas no Plano Operativo para a implementação da PNAISARI. Nesta direção, é importante
            ressaltar que o monitoramento da efetividade das ações propostas e apresentadas no Plano Operativo
            garante o envolvimento de todas as equipes das unidades com as pactuações propostas sendo avaliado
            e aprimorado a partir da prática diária de todos.

                   Para mais, faz-se importante o fomento de encontros entre os profissionais que se encontram
            na ponta do atendimento, no sentido de se assegurar a compreensão das normativas vigentes. Nesta
            perspectiva, pode-se pensar a importância da Escola de Gestão Socioeducativa Paulo Freire (E.S.G.S.E.),
            do DEGASE, ofertar capacitações sobre essa temática.

                   Outrossim,  atinente  aos  desafios  para  operacionalização  dos  fluxos  entre  as  unidades  do
            DEGASE e os equipamentos de saúde, a partir das questões apresentadas no decorrer da coleta dos
            dados, foi possível identificar junto às unidades socioeducativas, que, apesar dos avanços nas legislações
            e normativas sobre o tema, ainda é necessária a inclusão da discussão da territorialização das unidades,
            para a efetivação dos fluxos que garantem a articulação da equipe do DEGASE com os serviços de saúde
            e saúde mental, inclusive dos territórios de moradia do (a) adolescente.


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